Segue resumo de artigo publicado anteontem no El País:
A alta nos preços dos alimentos pode não ser só conseqüência do petróleo, dos biocombustíveis e do modelo de agricultura.
Chineses e indianos aumentaram o consumo de leite e carne de vaca: agora são mais ricos e suas sociedades estão mais abertas às influências do Ocidente. O aumento da riqueza é o principal motor das grandes mudanças nos hábitos alimentícios, mas não o único.
Tradicionalmente os chineses não consomem leite, mas é cada vez mais comum ver jovens urbanos bebendo produtos lácteos e tomando iogurtes. Os consumo de leite, que era de 9,5 litros em 1997, passou para quase 32 litros per capita no ano passado, segundo a FAO. A previsão é que continue crescendo 15% a cada ano. Com isso, o preço do leite quintuplicou.
A Índia também tem imitado os consumidores ocidentais à mesa, um pouco menos que os chineses, devido ao vegetarianismo. Os indianos passaram de 73 litros de leite per capita em 1997 para 91 atualmente.
O aumento da demanda asiática fez disparar a demanda de grãos para alimentação do gado, que por sua vez gerou forte pressão nos estoques mundiais de cereais e soja.
Antes, decisões domésticas como essas ficavam restritas a suas fronteiras. Hoje, a globalização faz com que o impacto da soma das decisões individuais se faça sentir com força do outro lado do planeta. China e Índia somam cerca de 40% da população mundial - quando eles tossem, todo o mundo se resfria!
Na Europa, as grandes mudanças de hábitos surgiram depois da Segunda Guerra Mundial: a dieta começou a ficar mais sofisticada e seletiva, rejeitando-se certas partes dos animais que antes eram comidas com gosto. Entretanto, a obesidade e doenças cardiovasculares fizeram com que, mais recentemente, os europeus passassem a evitar as gorduras animais. Na Europa e nos EUA, cada vez se comem menos pés e asas de frango e mais peito: as pessoas estão preocupadas em combater a obesidade e as doenças cardiovasculares.
Essas preferências dos países ricos têm conseqüências nefastas a milhões de quilômetros dos lares europeus. Na África, a importação de milhares de toneladas anuais de pés e asas de frango congelados procedentes de Europa, EUA e Brasil, na forma de dumping, acabou com a produção local.
Na África não há rejeição às extremidades, saborosas e proteicas. O problema é que os produtores africanos não podem competir com os preços anoréxicos dos exportadores europeus.
Alimentos num mercado asiático- AFP
sexta-feira, 2 de maio de 2008
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