quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nova York

Não se fica indiferente à visão do Empire State. Construído após a crise de 1929 para ser o mais alto do mundo (o que de fato foi até 1972), ele representa a capacidade de dar a volta por cima.  

Chegamos por volta do meio-dia, cheios de fome. Foi o tempo de deixar as coisas no hotel e correr para o Pastis, bistrozinho de aspecto despretensioso ("quase um Lamas", segundo o Alexandre) e comida ótima.

O lugar estava lotado como sempre, e a atendente nos perguntou: "Têm reserva?" Temerosos, balbuciamos que não e, para nossa surpresa, fomos imediatamente levados a uma mesa, enquanto a multidão com reserva se acotovelava do lado de fora. Não entendemos nada - mas, se você pretende aparecer por lá, melhor ir sem reserva.

Pedi um salmão em crosta de mostarda sobre lentilhas. Divino.

 
Alexandre foi de
ravióli de nozes com espinafre e cogumelos, igualmente maravilhoso.

 
A vida é curta pra gente ficar contando calorias. Decidimos, então, enfiar o pé na jaca e pedir duas sobremesas - pudim de toffee com sorvete de baunilha...

... e tortinha de maçã, nozes e massa filo com sorvete e creme inglês.

Pertinho dali, nosso hotel - daqui para a frente, sempre a primeira escolha de hospedagem em NY. Apesar de decepcionar um pouco em relação às fotos e de alguns contras aqui e ali, é sem dúvida o hotel mais bem localizado em que já ficamos na cidade.

Você sabe que está em NYC quando vê as escadas de incêndio...

 
... e as limusines!

Hidrantes siameses



 
No sábado, acordamos dispostos a ir ao Brooklyn. A estação de metrô mais próxima fica na Union Square, onde acontece uma feira.

 


 







 


 


 


 






Quando você pensa que já viu tudo, chega aqui e descobre "sálvia roxa"...

... "sálvia dourada", "tomilho prateado"...

... "manjerona doce"...

... e até "menta-chocolate" (com cheiro de chocolate mesmo!). Coisas que livro nenhum ensina. NY é aprendizado, é inspiração.

 


 




 


 
Da série "hidrantes pelo mundo": no Brooklyn, preto e prata

Uma das razões para ir ao Brooklyn era encontrar uma vista parecida com a que Woody Allen imortalizou no filme Manhattan.

 


 
Ali no cantinho, embaixo da ponte, fica o...

 
... The River Cafe, que além de boa comida tem uma vista incrível.



 
Que bebida combina mais com essa vista que um Cosmopolitan?



 
peito de frango recheado envolto em pancetta

 
peixe do dia - cherne - com purê de alcachofras

a sobremesa mais linda: marquise de chocolate Ponte do Brooklyn, acompanhada por vários mimos comestíveis

 


depois dessa orgia gastronômica, só mesmo encarando a ponte a pé na volta

 


 
lembra que hoje é sábado, e tem sempre alguma coisa acontecendo: é dia da Corrida contra o Câncer de Mama, daí esse povo todo de rosa

 


 
cada figuraça!

 
Já de volta a Manhattan, socializando com um esquilo

 
Do sul da ilha fomos para Times Square, ainda mais cheia que de costume por conta de uma passeata do movimento "Occupy Wall Street", que atraiu grande número de policiais

 


 






                Foi numa Duane Reade, farmácia que é a cara de NY e onde se encontra de tudo, que vimos estes sabores de Häagen Dazs tão diferentes.





Num canto da Union Square descobrimos Andy Warhol. Era aqui que ficava a Factory

 
Domingo de manhã fomos ao New Museum, que estava em obras. O jeito foi subir até o terraço...

 
... e apreciar a vista dos telhados de NY

 
No almoço, fomos conferir uma dica do Pedro Andrade, do Manhattan Connection. Aberto há poucos meses, o diner cubano Coppelia é um sucesso de crítica e público, com ótima comida e preços bem razoáveis. Pra você ter uma ideia, o filé mignon com ovos mexidos, arroz e feijão da foto custa menos de 10 dólares.

 
Depois do Astrid & Gastón eu não tava querendo comer ceviche, porque a comparação seria inevitável. Pois o ceviche do Coppelia não ficou nada a dever, com milho crocante e chips variados

Apesar de chocólatra, eu ando cheia das sobremesas que consistem em bolinho triste e morno de chocolate + sorvete sem graça. Acho o cúmulo da falta de criatividade. Daí, ao ler no menu "brownie de chocolate com chipotle", logo me animei. Grande acerto! O amargo do chocolate com o toque defumado da pimenta mexicana acompanhado de sorvete de leite condensado e calda quente (e uma nota de banana, levemente salgada, com bolinhas crocantes ) foram uma festa para os meus sentidos, com sua complexidade de texturas e temperaturas.

Alexandre foi de taça de abacate com creme, limão e sal Maldon, original e ótimo.

 
Outra caminhada imperdível em NY é o Highline, linha de trem desativada que virou área de lazer.

 


 


 
Tão exemplar é a proposta em termos de espaço urbano, que uma amiga professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ nos incumbiu de tirar muitas fotos pra ela mostrar aos alunos.

 


 


 















 


Era uma vez uma igreja que virou boate que acabou virando um templo... do consumo. Mais que uma loja, o Limelight é quase um shopping center.




 


 


 
Segunda de manhã saímos para ir ao MoMA, com algumas paradas pelo caminho - como o Rockfeller Center. Olha que bonitos os arranjos de verduras e legumes.

 




 


 




 


 
Perto dali acaba de abrir uma Uniqlo. A loja-conceito japonesa veio pra revolucionar, com sua tecnologia de ponta e visual futurista. Parece que você está em Tóquio. E ainda vende jeans lindos por U$9,90, suéteres 100% cashmere de todas as cores por menos de U$50...

 


 
No MoMA, "decifrando" um Jackson Pollock. Um crítico disse que quem viu um Pollock, viu todos. Será?

 
a pop art de Lichtenstein

 
"Les demoiselles d´Avignon", de Picasso. Aprendi que a Avignon do título era uma rua de Barcelona famosa por seu bordel.

 
"The Red Studio", de Matisse

 
jardins do MoMA

 
Do museu corremos para marcar o ponto no Coppelia. Deste vez, optei por mexilhões no vapor...

... com fritas condimentadas.

 
Na sobremesa, segui fiel ao brownie de chocolate com chipotle.

 
A propósito, Chipotle é o nome desta cadeia de "fast-food" mexicano que anda bombando. Tem até margarita no copo de plástico!

 
Seguimos para o sul da ilha, rumo ao Memorial do 11 de Setembro. Apesar de gratuita, a entrada é bastante concorrida, e é preciso reservar pela internet com várias semanas de antecedência.

No caminho, vemos dezenas de judeus vestidos a caráter, carregando palmas em comemoração ao Sukkot. Algumas lojas chegam a fechar durante uma semana.

 
No lugar onde existiram as Torres Gêmeas, ficou o vazio...

 
... a lembrança.

 


 
Próxima parada: Wall Stret, centro do movimento que se alastra pelo mundo.

 
Uma coisa que observamos: os novaiorquinos estão mais simpáticos que nunca. Eles teriam ficado mais solícitos depois do 11/9.

Procurando o famoso touro para uma foto, nos dirigimos a um policial. Ele, contrariando as expectativas acerca de um policial encarregado de reprimir os excessos dos manifestantes, demonstrou enorme senso de humor e nos fez dar boas risadas.



 
À noite, ainda tivemos pique para ir ao Dr. Jekyll and Mr. Hyde. O bar temático parece ter visto dias melhores, ou talvez fosse pelo fato de ser segunda-feira, mas a impressão era de uma certa decadência.

 
O local serve drinques com e sem álcool. Os poucos frequentadores eram quase todos brasileiros, alguns deles crianças.

 


 
Na manhã seguinte, fomos caminhar pela Washington Square e pelo Soho.

 
estacionamentos em Manhattan

 
Como se diz por aqui, "we saved the best for last". Deixamos para o último dia o restaurante mais bacana: o italiano del Posto, dica do Oscar Daudt, do Enoeventos, que, na última viagem a NY, foi a vários restaurantes e elegeu este o melhor. Depois eu soube que o local é do chef Mario Batali, e tem duas estrelas no Michelin.

O del Posto oferece menu promocional a U$29 no almoço, com entrada, prato principal, sobremesa e uma infinidade de "amuse-bouches" - como os rolinhos de Parma, os minissanduíches e os gaspachos.

 
manteiga e pastinha 

pães crocantes recém-saídos do forno

entrada: carne cruda com molho de trufas. Indescritivelmente deliciosa e diferente de tudo que já comi.

 
nhoque

 
massa verde com ragu

torta de chocolate e ricota com pistache e sorvete de azeite

 
semifreddo de butterscotch com uma miríade de frutinhas 

 
e uma variedade de pirulitos e bombons de apresentação e sabores bem originais

 


 
O passo seguinte foi realizar o sonho de andar de teleférico em NY. É só pegar o metrô até a ilha Roosevelt...

 
... e voltar de bondinho

 
O passeio continuou com uma caminhada até o Central Park. O monumento homenageia John Lennon...

 
... que morou no sinistro Dakota, bem em frente.

 
De volta a Chelsea: o Trader Joe´s da Union Square só vende vinhos. Tem do mundo todo, e os preços são inacreditáveis - tipo "me belisca que eu tô sonhando"...

 


De volta ao Coppelia para o jantar da última noite: omelete...

 
... e ceviche.

 
"Alfajor": biscoito de baunilha recheado com sorvete de doce de leite

 
e o infalível brownie de chocolate com chipotle

 
Enquanto partimos no confortável Amtrak para a próxima parada, me dou conta de que NY é inesgotável e que, a cada visita, me encanto mais e tenho vontade de voltar. Muitas vezes. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Quando estive em NY, 1998, os americanos não eram tão simpáticos....
Fiquei tentado "decifrar" se realmente era você, de costas, no MOMA e, logo depois constatei que sim.... na foto próxima ao famoso touro. Ficou ótima com o novo "look"!
Fiquei com vontade de experimentar o bana-split da Häagen Dazs!
Beijocas.
KB

Nádia Lamas disse...

é, eles tinham fama de antipáticos, principalmente em cidades grandes como NY.

bjs!

Eduardo disse...

Adorei NY. Preciso conhecer. Parece incrível.

Beijo!